Um jeito mais simples de esclarecer o significado de ambivalência é te fazendo pensar em pessoas que despertam tanto o seu amor quanto o seu ódio. Praticamente todas as pessoas já experimentaram esse conflito de sentimentos. O objeto do seu afeto e desafeto pode ser um colega de trabalho, um namorado ou até um professor. Grandes teóricos da área abordaram essa noção em seus estudos.
Para Freud: No seu livro Totem e Tabu, Freud define os tabus como proibições que, em certo momento da antiguidade, foram impostas por uma autoridade aos homens primitivos. Segundo ele, censurava-se atividades pelas quais essas pessoas tinham forte inclinação, como o incesto. É importante mencionar que o psicanalista defendia que a primeira inclinação amorosa de uma criança é incestuosa.
É por essa razão que, de acordo com o psicanalista, existe ambivalência no conceito de tabu. Isso porque ele se trata de uma proibição daquilo que é desejado. Além disso, Freud também considera o próprio termo “tabu” ambivalente, já que ele combina em si as ideias de “sagrado” e “impuro”, as quais são contraditórias. Como podemos ver, o conceito de ambivalência não se limita aos sentimentos já que também se aplica ao campo das ideias. O pai da psicanálise também apresentou uma ambivalência humana, que, segundo ele, é constituída por dois instintos básicos. Um deles é a pulsão de vida, que está relacionada a busca pela conservação das unidades vitais. Já a pulsão de morte tem o objetivo de reconduzir o ser vivo ao estado anorgânico.
Ambivalência Donald Woods Winnicott, por sua vez, definia esse conceito como uma integração de sentimentos amorosos e destrutivos. Para que você entenda melhor o pensamento do psicanalista, é preciso ter em mente que ele entendia a ambivalência como uma aquisição no desenvolvimento emocional de uma criança. Em linhas gerais, Winnicott defende que uma criança precisa reconhecer, em certa fase do seu desenvolvimento, que a sua mãe é alvo de seus ataques (na fase de excitação) e também do seu afeto. Segundo ele, essa ambivalência precisa ser experimentada e tolerada por esse indivíduo. Quando isso ocorre, pode-se afirmar que a criança teve um crescimento saudável e que está avançando em seu amadurecimento.
Observação: No caso de Freud, a ambivalência está presente nas proibições impostas por autoridades das sociedades primitivas e na própria noção de tabu. Já no caso de Winnicott, o conceito está relacionado ao processo de desenvolvimento de uma criança. Você pode perceber que são duas abordagens totalmente diferentes dentro da mesma área, a psicanálise.
Fonte: https://www.psicanaliseclinica.com/ambivalencia/